Rodrigo O. L. Rezende (Brasil) & Marcel J. Gerrits Jans (Países Baixos) – Janeiro de 2023
Na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), o protagonista da psicoterapia é o chamado cliente, pois é ele quem produz a sua própria psicoterapia, mas em estreita colaboração com o psicoterapeuta. Assim, o psicoterapeuta oferece um ambiente favorável para que o cliente explore seu mundo interior e exterior, desenvolvendo melhores entendimentos. Os sentimentos podem se tornar menos confusos e avassaladores, e se desenvolver mais no sentido de dar orientação para “uma vida melhor”. Suas ações podem ficar mais nesse sentido também.
Uma comparação muito simples é fazer ginástica autonomamente ou por conta própria com o uso equipamentos em uma academia ginástica junto a outras pessoas. Na comparação, fazer ginástica com autonomia de escolher os equipamentos e fazendo os exercícios livremente é parte do cliente na psicoterapia, enquanto “ser” os equipamentos e o ambiente coletivo estimulante da academia é parte do psicoterapeuta nesse processo. O resultado, um corpo mais saudável, forte e flexível, seria resultante de fizer ginástica no ritmo e frequência adequados ao organismo em um ambiente propício. Bons equipamentos de ginástica e o ambiente estimulante e adequado para a prática de exercícios da academia (o psicoterapeuta, em comparação) são fatores fomentadores para a ginástica produzir bons resultados.
A psicoterapia baseada na ACP funciona de maneira muito semelhante. O cliente faz “ginástica” racional, cognitiva e emocional e assim fortalece seu sistema psíquico e ficará cada vez mais apto a descobrir soluções para suas dúvidas ou problemas no contato com um psicoterapeuta que promove motivações para fazer ginástica.
Nesse processo, cabe ao profissional de psicoterapia, o psicoterapeuta, oferecer condições favoráveis (o ambiente da academia) para o desenvolvimento do cliente. Na terapia da ACP, esse ambiente é psicológico e consiste no psicoterapeuta que oferece escuta respeitosa com uma compreensão empática da perspectiva do cliente, aceitação incondicional da pessoa do cliente e reage ao que o cliente expõe de forma plena e autenticamente enquanto profissional e pessoa. Este processo pode ajudar o cliente a chegar a níveis emocionais mais profundos, mais clareza nos sentimentos, pensamentos e como agir para solucionar ou aceitar as coisas difíceis que aconteceram em sua vida.
O importante na psicoterapia baseada em ACP é que o terapeuta esteja ao seu lado como um ser humano, não como um técnico ou cientista. O psicoterapeuta contribui com o processo do cliente com sua experiência enquanto profissional e ser humano buscando de forma ativa e criativa ajudar o cliente a sair da estagnação, rumo a mais clareza, força e flexibilidade.
A “mágica” ou fenômeno da psicoterapia sempre ocorre quando essas condições são oferecidas ao cliente que se dispõe a fazer o esforço da ginástica para se explorar verdadeiramente diante do psicoterapeuta. A psicoterapia da PCA potencia assim este fenômeno que está enraizado no ser humano (como a capacidade de fortalecer o corpo através da ginástica) fruto da natureza humana emocional, racional, relacional e social. Assim como um corpo fortalecido pela da ginástica tem melhor saúde e mobilidade, a pessoa fortalecida pela psicoterapia da ACP poderá ser mais resiliente, ter menos ansiedade ou depressão e mais conexão e interações frutíferas com outras pessoas, em particular e no trabalho. Desta forma, a vida de um e a dos outros com quem se interage podem ser melhoradas.
(Traduzindo e adaptado do original em Inglês)