Estudos e pesquisas têm apontado, cada vez mais, que o transtorno da depressão é resultante de uma variação complexa de interação de causas. Assim, a depressão tem sido entendida como resultante da conjunção de fatores biológicos (genéticos, desequilíbrios bio-químicos cerebrais), psicológicos (traumas, personalidade, história de vida pessoal) e sociais (cultura e relacionamentos familiar e social). Esse modo de entendimento da depressão é denominado de biopsicossocial. Ele é um modelo multidimensional, o que significa trabalhar em várias frentes simultaneamente. Assim, é considerado que o risco da depressão está associado simultaneamente vários fatores causais e que cada um afeta os demais.
Com relação aos fatores biológicos, apesar de não haver sido identificado um gen que cause a depressão, considera-se a hipótese de que haja uma predisposição genética que gera uma maior vulnerabilidade para a depressão. Essa hipótese surgiu da observação de que pessoas oriundas de famílias com histórico de depressão são mais propensas ao transtorno quando enfrentam fatores estressantes na vida. Outro fator de fundo biológico seria a relação da depressão com os hormônios. A estatística aponta que o fato de ser do gênero feminino (mulher) aumenta o risco do transtorno de duas a três vezes e isso seria em parte, em função da variação cíclica dos hormônios femininos e das mudanças hormonais da menopausa. Além disso, a depressão pode ser desencadeada ou agravada pelo uso de vários medicamentos, como efeito colateral e, pela ingestão de álcool e drogas ilícitas. Medicamentos a base de beta-bloqueadores para o tratamento do coração, corticosteróides, anticonvulsantes e a quimioterapia, entre muitos outros medicamentos, podem disparar ou agravar a depressão. O álcool, além de ser depressor, prejudica algumas das ligações neurais da mesma forma que a depressão o faz. As drogas ilícitas atuam sobre os neurotransmissores de forma variada e imprevisível com risco de danos físicos e psicológicos que podem levar à depressão.
No tocante aos fatores psicológicos, sabemos que uma infância e uma vida sofrida com traumas e dificuldades importantes tende ao desenvolvimento de vunerabildade da personalidade para depressão. Também sabemos que certos estilos de pensamentos, modos de interpretar e maneiras de reagir a experiências vivenciais são potenciadores de risco da depressão. Pessoas diferentes reagem diferentemente aos mesmos fatos ou, a interpretação de uma mesma realidade difere de pessoa para pessoa à medida que a qualidade e as formas de interpretação das vivências são afetadas por diferenças psicológicas como personalidade, temperamento, habilidades de solução para problemas, valores pessoais, entre outros aspectos pessoais. Possivelmente, entre essas diferenças psicológicas, algumas delas sejam potencialmente fatores de risco para a depressão.
Quanto aos fatores sociais, a depressão está fortemente relacionada a contextos humanos difíceis, como relações familiares e sociais geradoras de estresse e sofrimento e, a eventos traumáticos, como morte de entes queridos ou até de animais de estimação, término de relacionamentos amorosos, traições, acusações, abusos sexuais, dificuldade de aprendizagem, problemas de saúde ou qualquer perda importante. Então, contextos humanos difíceis e eventos traumáticos são fatores de risco, pois apesar de não a determinar, aumentam as chances de a depressão ocorrer. Por outro lado, ainda entre os fatores sociais, os ganhos indiretos atribuídos ao distúrbio podem contribuir para tornar crônica e agravar a depressão. Justificando-se como deprimidas, pessoas podem se acomodar, desistir de suas obrigações e justificar o parar de lutar e o arquivar projetos, passando para um papel de vítima. Assim, familiares e outros irão sentir pena, compaixão e perdoarão em vez de culpar. Resolver problemas dá trabalho, é preciso correr riscos e decidir gera dúvidas, medos e gasta energia. Muitas vezes, a pessoa não percebe que quando é seduzida por esses ganhos, ela tem perdas muito maiores à medida que para de construir e dirigir ativamente sua própria vida. Assim, em vez de procurar encontrar soluções para seus problemas, dúvidas e dores; afunda cada vez mais no meio deles, aumentando a própria depressão, fazendo-a crônica e talvez atraindo outras doenças. Muitos autores já demonstraram a interação entre mente e corpo e, assim sendo, uma mente cronicamente deprimida aumenta a probabilidade de disseminação de várias doenças. Com relação ao fenômeno citado que o gênero feminino é mais suscetível a depressão, a contribuição dos fatores sociais para tanto é considerada no sentido que geralmente as mulheres sofrem mais pressões sociais que os homens na vida familiar incluindo a sexualidade e na hierarquia social.
Concluindo, são fatores biológicos, psicológicos e sociais que quando combinados associadamente causam a depressão. Assim, a nenhum desses fatores isoladamente deve ser atribuído como causa única da depressão. Portanto, mesmo vivências traumáticas com grande sofrimento, isoladamente, não são consideradas causas de depressão, mas podem disparar o transtorno quando existirem outros fatores comitantemente. Então, o transtorno da depressão deve ser sempre tratado profissionalmente de forma multifatorial e multidisciplinar envolvendo os fatores biológicos, psicológicos e sociais para fazer frente ao conjunto de fatores causais associados.
Uma resposta
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