Resposta de Confirmação de Escuta Respeitosa (RCER) pode ser outro nome e outro entendimento para a Resposta Reflexo da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), ou um conceito em paralelo e aproximado. Nomeio de Resposta de Confirmação de Escuta Respeitosa o tipo de resposta que se oferece na conversação quando um interlocutor demonstra que o que o outro disse foi ouvido perfeitamente, que houve a exata compreensão dos significados e que a pessoa e os seus ditos foram respeitados. Para tanto, pode-se responder de várias maneiras e alternativamente: repetindo tudo ou parte do que foi dito, dizendo a mesma coisa com outras palavras, indicando que se percebeu o sentimento (dizendo algo como: você ficou chateado), enquanto se olha nos olhos do interlocutor, com expressão facial que demonstre concentração e esforço para entender e respeito. Ressalto que respeitar ideias não significa necessariamente concordar. Por exemplo, se uma pessoa diz a outra: “você é um idiota”, o segundo empregaria a RCER dizendo algo do tipo: “você está me chamando de idiota”; e diz isso em um tom de voz respeitoso, demonstrando que houve a exata compreensão e o respeito pela opinião ou ponto de vista daquela pessoa, mas que se considerou como dela em particular e que não significa efetivamente que haja ou não concordância.
A RCER, em termos práticos, significa que o que foi dito foi ouvido, compreendido perfeitamente e que aquele que escutou respeita o ponto de vista ou opinião do outro. Inclusive, mesmo que essa afirmação seja uma crítica severa ou ofensa contra a pessoa do ouvinte, este buscará respeitar tal posição. Quando isso ocorre, uma tendência natural é que aquele que fez a afirmação inicial reaja dando melhores esclarecimentos do que foi dito espontaneamente e sendo que a probabilidade de se repetir essa mesma afirmação diminui. Então, dando continuidade ao exemplo anterior, a pessoa que disse que o outro é idiota, ao ouvir de volta a RCER, tenderia a explicar, por exemplo: “é idiota porque você fez justamente o que não poderia”; e se este recebesse novamente uma RCER do tipo: “então eu fiz o que não poderia”; o interlocutor inicial diria algo assim: “claro, você não poderia ter contado isso para fulano”.
Assim, a tendência é que, na medida em que alguém vai recebendo sequências de RCER como retornos de suas afirmações, essa pessoa vai espontaneamente se explicando mais, e a excitação emocional vai gradativamente se reduzindo. Isso porque, quando uma pessoa fala, sempre há a possibilidade de que seu interlocutor não esteja atento e não compreenda o que está sendo dito. Essa possibilidade é normalmente fator de aumento de tensão emocional no falante. O que exatamente a RCER faz é assegurar que o que foi dito foi realmente compreendido e em razão disso a tensão do falante vai se reduzindo. Dando continuidade ao mesmo exemplo, o agredido poderia reagir com essa outra RCER: “Então, porque você acha que eu falei com fulano, sou idiota”, e o agressor explicaria já com menos agressividade: “Idiota não, mas foi burrice”. Neste caso, a RCER apresentou uma inserção do verbo “achar”, e isso poderia balançar a firmeza de opinião do agressor, que até então não tinha dúvida sobre a autoria do fato; ou seja, com isso o agredido indica que é o agressor que acredita que o agredido contou para fulano, mas necessariamente isso pode não ter sido como ele pensa, e então talvez o agressor acrescentasse: “Ora, não foi você que lhe contou?” E, desse modo, mais explicações de ambos poderiam ser dadas e realmente ouvidas, compreendidas e conciliações alcançadas.
Os seres humanos desde o início da vida são configurados para lutar e disputar com os outros seres, incluindo os próprios humanos, para obter necessidades e interesses. A posição mais natural, normal ou comum dos humanos e animais em relação à vida é de conflito em relação ao ambiente. Assim, desde o nascimento, homens e animais estão em constante luta para obter da natureza, o que inclui os outros seres, objetos e meios de necessidade ou interesse como alimento, conforto e fonte de prazer. Então a tendência mais natural ou primitiva na interlocução entre os humanos é de disputa, o que conduz à tentativa de impor os interesses de cada um sobre o outro. Num mundo verdadeiramente civilizado onde houvesse real democracia, respeito e educação, isso seria feito através do convencimento racional, com apelo emocional moderado. Entretanto, parece que ainda não evoluímos da disputa por interesses através da violência, incluindo brigas como tentativas emocionais de conquista ou convencimento, em função dos interesses de uns sobre os dos outros.
A RCER seria uma forma de interromper essa disputa, quando um passa a demonstrar que valoriza e respeita a fala do outro. Esse outro, se sentindo escutado e respeitado, tende a reduzir sua emocionalidade e aumentar a racionalidade diante das questões, e sendo os pontos de vista dos envolvidos nas disputas mais bem compreendidos por um e por outro, a probabilidade e a possibilidade de acordos equilibrados aumentam.