Depressão: abordagens e tratamentos

A depressão é um transtorno de humor que apresenta sintomas variados e se manifesta diferentemente de um individuo para outro e pode afetar diversos aspectos da vida pessoal, social e profissional dos acometidos. Ela pode afetar fisicamente o indivíduo, alterando seu apetite, sono, desejo sexual, além de poder causar sensação de fadiga e ansiedade. O transtorno também pode afetar negativamente as funções cognitivas de pensar, julgar, lembrar e se concentrar, diminuindo a capacidade de tomar decisões e gerando sentimentos de insegurança. Além disso, a depressão pode afetar o comportamento: as pessoas choram, se ferem, abusam de drogas ou podem até mesmo tentar suicídio. Muitos passam a usar drogas para lidar com a ansiedade ou o stress gerado pela depressão. Ela pode afetar ainda as emoções, gerando ou aumentando sentimentos de tristeza, desespero, culpa, inutilidade e desesperança. No plano das relações sociais, a depressão pode prejudicar a capacidade de alguém se relacionar bem com as outras pessoas, podendo levar o deprimido ao isolamento e à separação da família.

Entretanto, ainda existe muito a ser esclarecido sobre a depressão, suas causas e como lidar com ela. São várias as teorias que tentam avançar no sentido desse esclarecimento, mas tem-se ainda muito terreno a percorrer. Parece que há duas abordagens que se destacam como principais, no entendimento da depressão, por suas pesquisas, avanços, difusão e efeitos. Uma abordagem, que poderia ser chamada de “abordagem psiquiátrica”, considera a depressão principalmente como um problema de ordem biológica, causada pelo mau funcionamento de atividades cerebrais. Essa abordagem indica prioritariamente tratamentos de base psicofarmacológica, ou seja, à base de medicamentos, através de profissional médico com especialização em psiquiatria. A outra abordagem, que poderia ser chamada de “abordagem psicológica”, entende principalmente a depressão como conseqüência de sofrimento e conflitos emocionais, traumas inconscientes e conscientes, frustrações, perdas, stress e outros sofrimentos consequentes das relações humanas e sociais. Neste caso, a abordagem indica o tratamento psicoterápico, que oferece suporte para enfrentar a depressão e busca o equilíbrio, o entendimento e a estabilidade, com melhoria da condição emocional.

Contudo, independentemente da abordagem e considerando a complexidade da interação das suas causas, o diagnóstico da depressão não se dá com facilidade. Neste sentido, ele deve começar, por prudência, pelo histórico de vida e emocional da pessoa. Um exame completo das condições gerais de saúde do indivíduo também pode ser importante, uma vez que a depressão pode estar associada a uma má condição de saúde prévia. As doenças associadas à depressão, quando não tratadas, podem inviabilizar o sucesso do seu tratamento; contrariamente, quando são tratadas, favorecem sobremaneira ao tratamento.

A Associação Médica Americana diz que não existe um tratamento padrão para a depressão e que ele também dependerá da gravidade de cada caso. Segundo a associação, o que acontecia antigamente era que alguns profissionais advogavam exclusivamente o tratamento psicoterápico, por entenderem a depressão como um distúrbio psicológico, enquanto outros advogavam exclusivamente o tratamento por medicamentos, por entenderem a depressão como um problema puramente biológico. Atualmente, diversos profissionais reconhecem a validade de ambos os tratamentos, que podem ser utilizados separadamente ou em conjunto, dependendo da gravidade e dos sintomas de cada caso.

Como vimos, são várias as possibilidades de intervenção e tratamento. Decisões e escolhas precisam ser feitas e é melhor que todos os envolvidos estejam conscientes e bem informados, pois assim poderão ter um papel mais ativo e responsável. Não existe uma abordagem mais correta que a outra para o entendimento e o tratamento da depressão e, ao se trabalhar com qualquer uma das duas principais abordagens, deve-se levar em conta a outra também. O tratamento exclusivamente pela medicação pode parecer tentador, por não exigir grandes mudanças no individuo e no seu contexto e, mesmo assim, conseguir diminuir os sintomas. No entanto, as causas do transtorno podem permanecer inalteradas e assim há maiores chances de novas crises. Por outro lado, o tratamento exclusivamente pela psicoterapia, quando há sofrimento e alteração comportamental de maior grau, pode ser insuficiente, por não gerar alívio em curto prazo. Assim, dependendo do caso, a melhor estratégia pode ser trabalhar com as duas abordagens de forma associada, cooperativa e complementar. Reafirmamos que o nosso entendimento é que cooperar geralmente é melhor do que competir, especialmente quando existem muitas possibilidades de solução e nenhuma garantia de resultado.

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